A cena política em Vila Verde volta a agitar-se com uma reviravolta inesperada. Júlio Zamith, deputado municipal do PS, surgiu em quarto lugar na lista do Chega à Câmara Municipal de Vila Verde, um movimento que promete alterar equilíbrios e criar novas tensões no xadrez político local.
No seio do PSD, a instabilidade também cresce. Adriano Ramos e Branca Malheiro, duas figuras de peso da Juventude Social-Democrata (JSD) local, decidiram abandonar o partido e avançar como candidatos pelo Chega. A decisão, segundo os próprios, resulta do “descontentamento pelo rumo do partido em Vila Verde”. Branca Malheiro foi ainda mais clara, declarando a sua discordância face à linha política seguida pela atual estrutura concelhia.
A situação ganha especial relevância depois de confirmado que Adriano Ramos será o número dois da lista do Chega nas próximas eleições autárquicas. Ramos, que integrou o executivo municipal em 2021 a convite da então candidata Júlia Fernandes, perdeu protagonismo político para Carlos Tiago, facto que terá contribuído para o seu afastamento.
Até há pouco tempo, Ramos era visto como um dos rostos mais promissores do PSD em Vila Verde, tendo sido reeleito presidente da Comissão Política Concelhia da JSD em 2022, em lista única. No entanto, o afastamento interno e as divergências estratégicas levaram-no a mudar de rumo.
Já no campo socialista, o impacto também é notório. Júlio Zamith, conhecido pelas suas críticas frequentes às políticas do PSD e pela atividade intensa nas redes sociais, tornou-se agora um dos trunfos do Chega para conquistar terreno político em Vila Verde.
Em declarações exclusivas ao VOX, Zamith diz que esteve no “PS pela mão do Luís Filipe e do Zé Morais, não pela ideologia política mas pela amizade às pessoas. Acreditei nos projetos deles. Além disso sou amigo pessoal do Zé Morais.”
“O atual PS de Vila Verde está radicalizado na extrema esquerda”
Para Zamith, “o atual PS de Vila Verde está radicalizado na extrema esquerda, e povoado de pessoas que nunca fizeram nada por Vila Verde.”
“O número dois do PS esteve sempre indisponível para o partido nos combates autárquicos. Apareceu agora porque lhe deram o segundo lugar? Que socialismo é este?”, questiona.
Zamith vai mais longe e lança uma série de questões: “Faz sentido ter uma radical de extrema esquerda nos lugares cimeiros da lista à Câmara? Porque não a Daniela Gonçalves (JS), a Prof. Conceição? Não revejo neste PS a ideologia de Mário Soares. Onde estão nomes como Martinho Gonçalves? Luís Filipe Silva? José Morais? Estes defenderam Vila Verde e as ideias moderadas do PS.”
Diz ainda que decidiu “aceitar o desafio do Chega porque é uma lista que defende Vila Verde. Sou vila-verdense e nas autárquicas apoio pessoas. Vou trabalhar pela minha terra”, remata.
Com estas mudanças, o Chega reforça a sua presença local e transforma-se num ponto de atração para descontentes tanto do PSD como do PS, alimentando um clima de incerteza no concelho a poucos meses das eleições autárquicas.
