A família Barros Rodrigues, proprietária de uma rede de postos de combustível em Braga, foi responsável por cerca de metade da faturação da empresa Spinumviva durante o período em que Luís Montenegro esteve ligado à sociedade.

Em 2021, a ligação entre a família Barros Rodrigues, o PSD e Luís Montenegro ganhou novo fôlego. Nesse ano, Jorge Barros Rodrigues, dono da gasolineira, contratou o atual primeiro-ministro para ajudar na reestruturação do seu negócio e encontrar uma marca parceira para os postos de combustível. Coincidindo com esse momento, Jorge Rodrigues doou 10 mil euros ao PSD, ainda sob a liderança de Rui Rio. A partir daí, outros membros da família também começaram a contribuir. A notícia é avançada esta semana pelo semanário Expresso (conteúdo pago).

Desde 2018, seis elementos da família doaram um total de 30.500 euros ao partido. A grande maioria desse valor — 27 mil euros — foi doada entre 2021 e 2023, período que inclui o anúncio da candidatura de Montenegro à liderança do PSD. Só nesse biénio foram entregues 14.500 euros.

As contas dos partidos, consultadas pelo Expresso na Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), revelam que João Rodrigues, vereador em Braga desde 2017 e agora candidato à presidência da câmara, e filho de Jorge Barros Rodrigues, fez quatro doações entre 2018 e 2022, somando 7.500 euros. A sua mulher, Inês Patrícia Varajão Borges, que também trabalha na Spinumviva, contribuiu com 1.000 euros em 2021.

Nos dois anos seguintes, passaram também a doar dois irmãos de João Rodrigues e uma cunhada, totalizando 14.500 euros. Entre eles destaca-se António Jorge Rodrigues, que doou 5 mil euros em abril de 2022, e Maria Francisca Rodrigues, com uma doação de 2 mil euros em 2023. A cunhada Mariana Névoa, casada com Francisco Rodrigues e filha do empresário Domingos Névoa, deu 5 mil euros — o casal já tinha sido notícia por ter comprado uma casa em Moledo a Hugo Soares, secretário-geral do PSD e antigo sócio de João Rodrigues.

João Rodrigues defende que os donativos da família são uma forma habitual de apoio ao partido, e que não têm ligação direta a nenhuma liderança específica, sublinhando que a prática é antiga em Braga. Garante ainda que nenhum contributo foi motivado ou sugerido por Hugo Soares, e rejeita qualquer relação entre os donativos e a sua candidatura à câmara.

De acordo com o Expresso, Ricardo Rio, atual presidente da Câmara de Braga, bem como os restantes vereadores do PSD, não fizeram donativos. No entanto, Braga continua a ser um dos principais centros de apoio financeiro ao partido.

Braga: um bastião financeiro do PSD

Dos 83 doadores que ofereceram mil euros ou mais ao PSD entre 2022 e 2023, 43% têm ligação a Braga. Do grupo de 36 pessoas identificadas como ligadas ao distrito, 26 são do próprio concelho. Hugo Soares afirma que delegou a angariação de fundos num adjunto e nunca o fez pessoalmente. Diz também que a preponderância de Braga reflete uma longa tradição local de apoio financeiro ao partido.

Entre os grandes doadores do distrito, há gestores que recentemente assumiram cargos em entidades públicas. Américo Afonso, agora presidente do Hospital de Braga, contribuiu com 5 mil euros. Rui Sá Morais, atualmente na Casa da Música, também deu 5 mil euros. Ambos têm ligações a cargos municipais anteriores. Hugo Soares defende a qualificação dos nomeados e rejeita qualquer associação entre os donativos e os cargos que ocupam.

Outros gestores públicos também aparecem nas listas de doações: Sandra Cerqueira (TUB) deu 6 mil euros, Carlos Duarte Oliveira e Silva (Invest Braga) ofereceu 2.500 euros, e Paulo Marques (Esposende Ambiente) contribuiu com 4.780 euros. Este último valor foi também doado por vários membros da comunidade de Esposende, totalizando mais de 33 mil euros num curto período em 2022, coincidindo com o arranque da candidatura de Montenegro.

Entre os contribuintes identificados, aparece ainda João Filipe Monteiro Marques, membro da Comissão de Acesso a Documentos Administrativos, com 4.500 euros doados. Há também diversos autarcas de freguesia com valores mais baixos.

No total, os donativos analisados pelo Expresso vieram de doadores de 12 distritos. Braga lidera, seguido de Vila Real e Aveiro. Curiosamente, em Espinho — cidade natal de Montenegro — não houve registo de donativos identificáveis. Lisboa, por outro lado, teve apenas dois.

Em Aveiro, o apoio concentrou-se em Vale de Cambra, onde familiares do empresário Ilídio Pinho, um dos mais ricos do país, doaram 10 mil euros cada um, igualando os maiores contribuintes individuais do PSD.

O início da polémica empresa familiar de Montenegro (e as ligações a Vila Verde)

Fundada em 2021, a empresa passou para a titularidade da sua esposa e filhos antes de Montenegro assumir a liderança do Partido Social Democrata (PSD) em 2022. Este ano foi tornado público os contratos da Spinumviva com a Solverde, empresa do setor de casinos e hotelaria, lançaram dúvidas sobre potenciais conflitos de interesse, suscitando fortes reações na arena política.

Relações com a Solverde e alegados conflitos de interesse

A Solverde pagaria mensalmente cerca de 4.500 euros à Spinumviva por “serviços especializados de compliance e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”. Estes valores representam aproximadamente 30% da faturação da empresa em 2024, o que levanta questões sobre a natureza da relação comercial entre ambas as entidades.

De acordo com a Solverde, o Encarregado de Proteção de Dados do grupo, devidamente registado na Comissão Nacional de Proteção de Dados, é André Mendes Costa.

Manuel Violas, dono da Solverde e Luís Montenegro

O grupo Solverde pertence à família Violas, uma das mais influentes na região de Espinho, e que tem histórico de ligações ao setor dos jogos de fortuna e azar. Antes de enveredar pela política, Montenegro prestou serviços jurídicos para a Solverde, o que reforça as suspeitas de um possível favorecimento ou contiguidade de interesses entre o atual primeiro-ministro e o grupo empresarial.

A origem da sua fortuna remonta à fundação da Corfi (Cordoaria e Fios) em 1943 por Manuel de Oliveira Violas, que mais tarde se uniu à Cotesi – Companhia de Têxteis Sintéticos, pioneira na produção de fios, cordas, redes e cabos. Atualmente, a Cotesi é o maior produtor mundial de fio agrícola.

Os irmãos Manuel e Rita Violas, através da holding Violas SGPS, detêm participações significativas em várias empresas de relevo:

Super Bock Group: Detêm uma participação relevante neste grupo através do consórcio Viacer, que controla 56% do grupo. A Super Bock Group registou um volume de negócios superior a 500 milhões de euros em 2023.

Solverde Casinos e Hotéis: O portefólio inclui cinco casinos e quatro hotéis, com um volume de negócios de quase 150 milhões de euros e um EBITDA de 33 milhões de euros em 2023.

De acordo com a lista da Forbes Portugal de dezembro/janeiro, a família Violas ocupa a 14ª posição entre os mais ricos do país, com um património avaliado em cerca de 939 milhões de euros.

Além das áreas mencionadas, a família Violas tem investimentos em setores como educação e imobiliário.

Montenegro nega irregularidades e apela à transparência

Luís Montenegro garantiu que os serviços prestados pela Spinumviva à Solverde ocorreram antes de assumir qualquer função governamental e que nunca utilizou a sua posição política para favorecer interesses privados. O primeiro-ministro classificou as acusações como “insinuações infundadas” e afirmou estar disposto a fornecer todos os esclarecimentos necessários.

Montenegro também aproveitou para desafiar outros políticos a revelarem as suas ligações empresariais e patrimoniais, numa tentativa de desviar atenção da polémica e reforçar a sua imagem de transparência.

Outro elemento que surgiu na discussão política foi a ligação entre Luís Montenegro e o escritório de advogados de Hugo Soares, situado em Braga. Hugo Soares, um dos nomes de confiança de Montenegro no PSD, também tem sido apontado como uma figura com ligações ao setor empresarial e a diversos interesses privados. Não há, até ao momento, provas concretas de que o escritório tenha intermediado contratos entre a Spinumviva e outros clientes, mas a oposição tem insistido na necessidade de clarificação total sobre estas relações.

Luís Montenegro e Hugo Soares

André Costa e Inês Patrícia foram apresentados com um resumo das suas qualificações, destacando as competências que justificam a sua atuação na área da proteção de dados – aptidões que nem a esposa de Luís Montenegro nem os seus dois filhos, sócios da empresa, possuem nos seus currículos.

Mas quem é afinal Inês Patrícia? Inês Patrícia é, na realidade, Inês Varajão Borges. Esposa de João Rodrigues, candidato do PSD à Câmara de Braga, que, por sua vez, foi sócio de Hugo Soares.

Terá Montenegro ocultado o apelido “Varajão Borges” deliberadamente? Não sabemos. Certo é que o pai de Inês Varajão Borges fez o mesmo 2013.

João Rodrigues e Inês Varajão Borges

O médico Raul Borges, pai de Inês Varajão Borges, foi mandatário da candidatura de António Vilela à presidência da Câmara Municipal de Vila Verde, pelo… PSD. De facto, Raul Borges chama-se Raul Varajão Borges, porém em toda a comunicação da campanha de Vilela o seu apelido “Varajão” é igualmente oculto. Deliberado ou não, não se sabe.

Raul Varajão Lopes, conhecido como o “médico do povo”, é uma figura destacada na região de Vila Verde. Com 67 anos e mais de quatro décadas de serviço público, aposentou-se em agosto de 2024, deixando de exercer funções na Unidade de Saúde Familiar (USF) Sá de Miranda, na Ribeira do Neiva, e no Pico de Regalados. Natural de Arcos de Valdevez, considera a Póvoa de Lanhoso como sua “terra adotiva” e afirma ter “Vila Verde no coração”.

Na ocasião, destacou as qualidades de Vilela, sublinhando a sua seriedade, competência e humanismo, e apelou ao apoio dos vila-verdenses à candidatura. O antigo presidente da Câmara acabou condenado a pena de prisão pelos crimes de prevaricação e corrupção.

Ness mesmo ano (2013) José Manuel Fernandes era presidente da comissão de Honra da Candidatura de António Vilela à presidência da Câmara de Vila Verde. Era também presidente da Comissão Política Distrital do PSD de Braga. Nesse papel, teve um papel ativo no apoio a candidatos do partido nas eleições autárquicas, incluindo António Vilela em Vila Verde. Como líder distrital, sua influência era significativa na estratégia e coordenação das campanhas municipais na região.

Em 2024, José Manuel Fernandes, foi nomeado Ministro da Agricultura e Pescas no XXIV Governo Constitucional de Portugal, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro. Antes disso, exerceu o cargo de deputado ao Parlamento Europeu desde 2009 até 1 de abril de 2024, data em que renunciou ao mandato para assumir as novas funções ministeriais.

José Manuel Fernandes e Luís Montenegro

Rádio Popular não revela quanto paga à Spinumviva

A Rádio Popular, um dos cinco clientes regulares da empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva, não divulga o valor da avença mensal paga pelos serviços prestados pelo retalhista de eletrónica de consumo.

Em resposta ao jornal “Expresso”, Ilídio Silva, fundador e CEO da Rádio Popular, remeteu mais detalhes para o comunicado da Spinumviva, onde é mencionado que a empresa, anteriormente pertencente ao primeiro-ministro, recebia avenças mensais que variavam entre mil e 4.500 euros.

A Rádio Popular esclareceu ao “Expresso” que a Spinumviva fornece um conjunto de “serviços especializados de compliance e definição de procedimentos na área da proteção de dados pessoais, garantindo o suporte técnico e consultivo necessário para o cumprimento da legislação em vigor”. A função de encarregada da proteção de dados é desempenhada por Inês Varejão Lopes.

Montenegro só declarou Spinumviva ao Tribunal Constitucional quando já era primeiro-ministro

Luís Montenegro só reportou a Spinumviva ao Tribunal Constitucional depois de se tornar primeiro-ministro. Durante o seu mandato como líder do PSD, não a incluiu na declaração de património, apesar de a ter transferido para a esposa e filhos, o que gerou várias dúvidas sobre os rendimentos.

O nome da empresa familiar só apareceu na lista de bens quando Montenegro assumiu a liderança do Governo.

Carla Montenegro doou quotas da Spinumviva aos filhos

Entretanto, a mulher de Montenegro transferiu as suas quotas da Spinumviva para os filhos. Carla Montenegro deixou de ser gerente da empresa familiar e cedeu a sua participação maioritária na empresa aos dois filhos.

Polémica bomba de gasolina de Vila Verde é da família de João Rodrigues (PSD)

A polémica remonta a 2023, altura em que o Partido Socialista de Vila Verde se manifestou contra o licenciamento de mais um posto de combustível no centro do concelho.

Os socialistas alertaram para os riscos que era a instalação de um posto de combustível no local: junto ao cemitério, perto das escolas e num local onde já havia pelo menos mais outros dois postos muito próximos.

O VOX falou com alguns vila-verdenses que dizem estarem revoltados com a construção. “Não percebo como foi possível a Câmara Municipal autorizar e licenciar tal obra”, “nunca deveria ter sido autorizado… logo junto ao cemitério! Se fosse para eu construir uma casa para lá morar de certeza que não me deixavam”, “mais uma bomba de gasolina logo junto às escolas?! É uma vergonha”.

Proximidade à escola

O processo de licenciamento em questão estava a decorrer na Câmara Municipal de Vila Verde – liderada pela social-democrata Júlia Fernandes – e dizia respeito à autorização para a instalação de um novo posto de combustível em plena zona urbana, junto à N101. O local previsto para a infraestrutura situa-se ao lado do Cemitério de Vila Verde, em proximidade imediata de uma área residencial e comercial, bem como a poucos metros de uma escola.

Posto de combustível é da família de João Rodrigues 

A construção do posto de combustível avançou pela empresa da família do candidato à Câmara de Braga pelo PSD, João Rodrigues: a Generalserv- Gestão e Serviços, S.A., cujo presidente do conselho de administração é António José Costa Martins Barros Rodrigues.

Segundo a empresa, a GeneralServ “tem como missão a gestão profissionalizada de uma rede de postos de abastecimento, propriedade do grupo. Comercialização de gás em garrafas da marca Rubis e artigos derivados.” Disponibilizam ainda diversos serviços para os consumidores de gás, “como entregas ao domicílio.”

PS alertou dos riscos do posto de combustível

O Partido Socialista de Vila Verde manifestou preocupação face a esta situação, alertando para os riscos que a instalação de um posto de combustível pode representar tanto para os moradores como para quem circula diariamente na zona.

Embora os socialistas não se oporem à criação de postos de abastecimento, o partido considerava que esta localização era inadequada, uma vez que se insere num núcleo urbano densamente povoado e junto a uma via frequentemente congestionada.

Socialistas não acreditavam que o processo conseguisse os pareceres necessários para o licenciamento

Relativamente ao processo de licenciamento, cuja responsabilidade coube à Câmara Municipal (PSD), o Partido Socialista expressou dúvidas sobre a obtenção dos pareceres necessários para a sua aprovação, apontando fatores como a proximidade a áreas residenciais e comerciais, a compatibilidade com o Plano Diretor Municipal (PDM) e a curta distância em relação à escola.

PS dizia que PDM não tem colocado os interesses dos vila-verdenses em primeiro lugar
O Partido Socialista foi mais longe ao criticar a gestão do Plano Diretor Municipal (PDM) por parte do executivo, afirmando que este não tem colocado os interesses dos vila-verdenses em primeiro lugar. Segundo o PS, o PDM deveria ser uma ferramenta que equilibrasse a qualidade de vida da população com o desenvolvimento económico, mas, neste caso, evidenciou-se que esse equilíbrio não estava a ser respeitado. O partido questionou, assim, a verdadeira utilidade do PDM.

Além disso, alertou para o impacto que a instalação do posto de combustível ou de qualquer outro empreendimento no local. A construção de mais uma rotunda para facilitar o acesso agravaria ainda mais a já congestionada circulação na principal via de entrada no centro de Vila Verde, diziam os socialistas.

Como alternativa, o PS defendeu que o Município deveria adquirir o terreno e transformá-lo numa zona de lazer, considerando que essa seria uma verdadeira medida em benefício da população. O partido assegurou, na altura, que apoiaria essa proposta.

Segundo informações recolhidas pelo VOX, as infraestruturas de água e saneamento foram executadas pela Câmara Municipal, quando estava previsto ser o privado a fazer tais obras.

Construção já “comeu” o passeio de acesso ao cemitério

Os vila-verdenses estão revoltados com a “apropriação” do passeio que dá acesso ao cemitério pela obra. “Quem tem dinheiro compra tudo… até o passeio do cemitério”, escreve Maria Luísa numa publicação na rede social Facebook.

Como confirmado no local pelo VOX (ver fotografias), o passeio foi efetivamente anulado, deixando apenas os lugares de estacionamento já existentes na rua.

A mesma vila-verdense manifesta o seu descontentamento dizendo que “quem quer construir casa, tem de dar/oferecer terreno para o domínio público, o pobre fica sempre sem alguma coisa e é sempre quem paga mais.”

Ainda no passado mês de março (27) Gracinda Pimental, residente em Barbudo, portadora de mobilidade reduzida esteve quase duas horas à espera que concluíssem obras no passeio junto à Nacional 101, que agora lhe tirou a passagem da cadeira de rodas. Em conversa informal com um Engenheiro da Câmara Municipal apresentou a sua indignação. O passeio sem rampa de entrada para cadeiras de rodas ‘obrigou’ a mulher a esperar para passar num distância de 10 metros. As obras do passeio exterior do posto de combustível que são da responsabilidade da Câmara Municipal de Vila Verde iniciaram no dia 13 de março e Gracinda Pimentel acompanhou todo o processo até à sua conclusão no dia de ontem. Em declarações ao VOX, falou em “palhaçada e falta de respeito”. A senhora esteve no local e falou com pessoas que por lá passavam que ficavam sensibilizadas com aquele momento constrangedor. Esteve no local a criticar as obras, dizendo que queria falar com alguém da Câmara. Disse ainda que iria “chamar o Correio da Manhã” para ver se conseguir que o caso fosse notícia nacional.

Mulher com mobilidade reduzida esteve quase duas horas à espera que concluíssem obras neste passeio

“Onde estão os tomates do pessoal de Vila Verde?”

Também António Cerqueira, assistente operacional na Câmara Municipal de Vila Verde, expressou o seu descontentamento nas redes sociais: “É triste. O antigo dono do terreno não podia fazer nada, o terreno não tinha as medidas necessárias, agora estranhos com poder puderam fazer o que fizeram e até roubaram o passeio do cemitério. Onde estão os tomates do pessoal de Vila Verde?”

6 postos de abastecimento em Vila Verde em 2km

Num trajeto de apenas dois quilómetros, o concelho de Vila Verde vai ter assim seis postos de abastecimento de combustível.

O VOX falou com alguns vila-verdenses que dizem estarem revoltados com a construção. “Não percebo como foi possível a Câmara Municipal autorizar e licenciar tal obra”, “nunca deveria ter sido autorizado… logo junto ao cemitério! Se fosse para eu construir uma casa para lá morar de certeza que não me deixavam”, “mais uma bomba de gasolina logo junto às escolas?! É uma vergonha”.

Localização do novo posto de abastecimento de combustível em Vila Verde, junto ao cemitério

Proximidade à escola

O processo de licenciamento em questão estava a decorrer na Câmara Municipal de Vila Verde – liderada pela social-democrata Júlia Fernandes – e dizia respeito à autorização para a instalação de um novo posto de combustível em plena zona urbana, junto à N101. O local previsto para a infraestrutura situa-se ao lado do Cemitério de Vila Verde, em proximidade imediata de uma área residencial e comercial, bem como a poucos metros de uma escola.

Posto de combustível é da família de João Rodrigues (PSD)

A construção do posto de combustível avançou pela empresa da família do candidato à Câmara de Braga pelo PSD, João Rodrigues: a Generalserv- Gestão e Serviços, S.A., cujo presidente do conselho de administração é António José Costa Martins Barros Rodrigues.

Segundo a empresa, a GeneralServ “tem como missão a gestão profissionalizada de uma rede de postos de abastecimento, propriedade do grupo. Comercialização de gás em garrafas da marca Rubis e artigos derivados.” Disponibilizam ainda diversos serviços para os consumidores de gás, “como entregas ao domicílio.”