De certeza que não serão Eduardo Dâmaso e Valentina Marcelino, jornalistas.
A esmagadora maioria dos jornalistas e comentadores reagiu com indignação à actuação pública de Luís Neves, Director Nacional da Polícia Judiciária, no caso da FPF.
Ao lado de Fernando Gomes, Neves garantiu que o ex-presidente “não é visado nesta investigação” com o processo ainda sob segredo de justiça e sem qualquer autorização do Ministério Público. A Procuradoria confirmou que a divulgação não foi comunicada nem autorizada.
Juristas classificaram a intervenção como ilegal, perigosa e eticamente reprovável.
Só dois jornalistas defenderam Luís Neves: Eduardo Dâmaso e Valentina Marcelino. Porquê?
A resposta talvez esteja na promiscuidade revelada por intercepções telefónicas que analisei no site da Eppur si:
Nos artigos antes referidos é exposta a relação de proximidade entre Eduardo Dâmaso e Pedro Fonseca, com registos de conversas em que Dâmaso solicita informações sensíveis sobre investigações em curso.
Revela-se um padrão de contacto directo entre Pedro Fonseca e jornalistas, entre os quais Valentina Marcelino.
Luís Neves nomeou Pedro Fonseca director da Unidade Nacional de Combate à Corrupção mesmo depois deste ter estado envolvido num processo por violação de segredo de justiça.
Como noticiou o Observador, essa acusação não foi impedimento. Pelo contrário, Neves defendeu-o publicamente.
Será que, salvo melhor opinião contrária de quem perceba mais da matéria, os factos podem configurar o crime de violação de segredo por funcionário, previsto no artigo 383.º do Código Penal?
E sendo este um crime semi-público, só o Ministério Público pode apresentar queixa? Ou será que pode também o Ministério da Justiça, enquanto entidade que tutela a PJ, fazê-lo? Ou nem um nem outro e ninguém se atreve a responsabilizar quem dirige a PJ?
Luís Neves, ao agir como “porta-voz institucional à revelia da lei”, comprometeu o prestígio da PJ, lesou a separação entre órgão de polícia criminal e autoridade judiciária e alimentou a narrativa de uma justiça desigual.
Não é liderança: é abuso de protagonismo, impunidade ou estultícia.
O Diretor Nacional Dr. Luís Neves, como qualquer homem sem qualidades, revestido pelo poder ofertado pela instituição que pseudo-dirige, assim como pelo conhecido e reconhecido efeito de aura que a mesma empresta a quem a representa e serve, revelou-se publicamente.
Seja estultícia, impunidade ou favor cobrado, o que quer que seja fê-lo borrar a pintura toda e comprometeu todos os que serviram e servem a Polícia Judiciária.
Será que quem deve responsabilizá-lo vai também comprometer o futuro da PJ ou, obviamente, demite-o já!
