Hoje, o meu artigo de opinião é uma fábula. Ficção. Qualquer semelhança com a realidade, é pura coincidência… ou talvez não.
Juliet Oscar é um burro que habita na pacata Vila Azul, do Condado Portucalense.
Oscar é um provinciano que acabou por ser regente de um pequeno pedaço de terra onde nenhum animal vislumbrava gotículas de água. Embora Oscar passasse vassalagem aos leões que dominavam aquele recanto, estes não cediam acesso à fonte da vida.
Certo dia, a palha que Oscar comia já não lhe chegava, e sonhava ser mais que um mero burro para poder trazer algo além do feno para alimentar a família. Foi aí que lhe deu uma epifania e subornou o caracol lá do sítio, que era quem distribuía a correspondência pelos restantes animais. Este bibliaforoi, entregava cartas a Oscar que não lhes pertencia, apenas para o ajudar no seu elaborado estelionato. Oscar pagava o seu dízimo ao caracol, e todos andavam felizes com tamanha artimanha.
Mas Oscar tinha um problema lá no seu canto onde era regente. Para a sua trapaça funcionar, ele precisava de ter algumas fotografias dos animais lá do reino, a fazer uma espécie de selfies do século dez, a segurar no SIAC da altura. O esquema funcionou, pois ludibriou os seus súbditos dizendo ser vontade do Rei tamanha promoção ao Condado.
Passados uns anos, Oscar continuava triste. O esquema rendia, mas continuava infeliz por não ter capacidade para evoluir. Afinal, não passava de um burro. Até que… outra epifania! Enquanto andava a pastar por Vila Azul, precipitou-se deliberadamente contra um calhau e magoou uma das patas. Começou a titubear enquanto se lamuriava das dores que sentia. Queria que alguém fosse responsável por ato tão vil de Deus, que importunou o pobre burro na sua vida pacata. Mas os deuses não têm as palas nos olhos que os burros ostentam, nem estavam a cochilar, pelo contrário, estavam com os olhos bem arregaladas e viram a trapaça que Oscar estava a meter.
O trapaceiro Oscar foi chamado pelo Rei para o acompanhar na conquista aos Mouros do resto do território. Como fiel e obediente burro que é, lá foi ele a carregar as trouxas rumo a sul, ansioso por alcançar feitos dignos de serem falados em toda a Península Ibérica. Tadinho do burro, só lá foi para a fotografia… literalmente.
Até que, o inesperado aconteceu! Ele foi falado sim em toda a Península Ibérica, mas não pelos melhores motivos. Tinham-lhe descoberto a carapuça, e todos os seus ardis foram revelados. Furioso, Oscar juntou uma legião de falsos burros na tentativa de denegrir a imagem de quem ousou enfrentar o burro. Mas o burro é mesmo isso… apenas e só um burro, e o plano também malogrou-se.