Opinião

Opinião. Júlia Fernandes meteu a cabeça na areia

Na política, como na vida, há momentos em que é preciso coragem para enfrentar os desafios de frente. Em Vila Verde, o comportamento recente da candidata do PSD à presidência da Câmara Municipal, Júlia Fernandes, levanta sérias dúvidas sobre essa coragem.

A candidata não compareceu ao debate realizado em Braga, onde os diferentes candidatos à autarquia vila-verdense tiveram oportunidade de expor ideias e confrontar propostas. Mais do que uma ausência pontual, esta atitude ganha peso quando se percebe que Júlia Fernandes também tem ignorado, de forma sistemática, os sucessivos desafios lançados publicamente por Filipe Melo, candidato do Chega, há vários dias.

Esta postura faz lembrar a expressão popular “meter a cabeça na areia”. Mas o que significa realmente esta metáfora?

“Meter a cabeça na areia” significa fingir que um problema ou dificuldade não existe, ignorando-o deliberadamente para evitar enfrentá-lo ou para não ter que lidar com a verdade. É uma atitude de evasão em que a pessoa age como se nada de errado estivesse a acontecer, na esperança de que os problemas desapareçam sozinhos.

Por exemplo: um governante que, perante um escândalo de corrupção, se recusa a falar com a imprensa e a dar explicações, está igualmente a “meter a cabeça na areia”.

A origem da expressão remonta ao comportamento atribuído às avestruzes. Conta-se que, quando se sentem ameaçadas, enterram a cabeça na areia, acreditando que assim ficam invisíveis aos predadores, como se o perigo simplesmente deixasse de existir. Trata-se, evidentemente, de uma metáfora para a recusa em reconhecer a realidade.

Ora, ao evitar o debate e ao não responder aos desafios colocados pelos adversários políticos, Júlia Fernandes não só falha uma oportunidade de esclarecer todos os vila-verdenses sobre o seu projeto político, como transmite a imagem de alguém que prefere a estratégia da avestruz: esconder-se, fingir que não há problemas, acreditar que o silêncio resolve tudo.

Mas a política não é areia onde se possa enterrar a cabeça. É o espaço do confronto democrático de ideias, do esclarecimento público e da prestação de contas. Os eleitores de Vila Verde merecem ver os seus candidatos frente a frente, debatendo de forma transparente e responsável. Fugir a esse escrutínio é escolher a evasão, e a evasão raramente gera confiança.

Álvaro Rocha

Álvaro Rocha é Professor Universitário, Consultor e Empresário.

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