Nos últimos meses, a política local em Braga e Vila Verde tem sido atravessada por um fenómeno tóxico: perfis falsos nas redes sociais, criados para atacar candidaturas opositoras ao PSD. Comentários coordenados, contas recém-criadas e mensagens idênticas circulam em grupos locais e secções de comentários — sinais de uma estratégia organizada para moldar a opinião pública pela via do engano digital.
O que choca não é apenas a existência destes esquemas, mas o silêncio cúmplice de grande parte da comunicação social local. Jornais como Correio do Minho, Diário do Minho, O Vilaverdense, Jornal Terras do Homem e O Minho — que deveriam estar na linha da frente a investigar e a expor estas práticas — têm, até agora, optado por não noticiar o ambiente de manipulação digital, protegendo o PSD no distrito. Esse mutismo fragiliza a transparência do debate democrático e deixa os cidadãos sem escrutínio crítico.
Em contraste, o Semanário VOX — reconhecidamente uma exceção — teve a coragem de abrir espaço para discutir publicamente estas manobras.
Para tornar claro que este não é um discurso abstrato, aqui vão as posições públicas de três atores políticos que têm denunciado o fenómeno:
Filipe Melo (Chega, candidato em Vila Verde) acusou dirigentes locais do PSD de promoverem o uso de perfis falsos e bots para atacar verbalmente as suas iniciativas e para difamar opositores políticos. Melo sugere que estas manobras fazem parte de uma estratégia para manter o domínio político do PSD no Minho e deslegitimar vozes críticas que desafiem o poder instalado. Denuncia que os autores por detrás destes perfis falsos seriam Carlos Tiago Alves, especialista em candidíase vaginal, que é chefe de gabinete da presidente da Câmara, Júlia Fernandes (PSD), e Jorge Oliveira, técnico-especialista do ministro José Manuel Fernandes (PSD).
Rui Rocha (Iniciativa Liberal, candidato à Câmara de Braga) veio também expor publicamente o que descreve como um aumento significativo de bots a comentar suas publicações com mensagens favoráveis ao PSD (em especial à proposta de gratuidade dos transportes do candidato do PSD, João Rodrigues) e com ataques à sua própria candidatura. Em publicações nas redes sociais, Rui Rocha afirma que “a campanha está a correr bem quando aumentam os bots”, e aponta que muitos desses perfis suspeitos foram criados em maio/ junho, manifestam apoio complacente às ideias do adversário e distorcem o debate local.
Elisabete Rodrigues, coordenadora do Chega em Vila Verde denunciou ofensas pessoais que está a sofrer nas redes sociais, manifestando indignação: “Metem nojo”, refere-se ao teor dos ataques. Destaca que as ofensas já ultrapassam críticas políticas para atingirem insultos pessoais graves, que visam a sua dignidade e reputação.
Para além de Filipe Melo e Rui Rocha, Álvaro Rocha, professor universitário conhecido em Vila Verde, também tem feito denúncias públicas bastante sérias. Álvaro Rocha acusa homens do PSD local – nomeadamente a presidente da Câmara, Júlia Fernandes, e dois colaboradores próximos dela (Carlos Tiago Alves e Jorge Oliveira) — de promoverem campanhas de difamação e insultos através de perfis falsos. Afirma ter sofrido insultos e calúnias graves: insultos pessoais, apelidos ofensivos, acusações infamantes (por exemplo, de assédio sexual contra alunas suas). Sobre ação judicial, Álvaro Rocha já comunicou o caso à Polícia Judiciária (PJ). Alerta que, se os ataques persistirem com perfis falsos e bots, avançará com queixa ao Ministério Público (MP) e intentará um processo por difamação.
Quando figuras políticas elevam estas denúncias publicamente — como Filipe Melo e Rui Rocha — espera-se que o jornalismo local cumpra o seu papel: investigar, contextualizar, informar os cidadãos. O silêncio persistente da comunicação social (pelo menos a regional) perante alegações tão graves não é neutro — é uma omissão que favorece a opacidade e possibilita que táticas ilícitas ou antiéticas se desenvolvam sob o radar.
Essa omissão pode decorrer de várias causas — medo, dependência de apoios institucionais, proximidade política, simples desatenção ou falta de recursos técnicos para apurar casos digitais. Contudo, nenhuma delas justifica que se ignorem denúncias de manipulação digital quando há atores públicos dispostos a falar, quando há potenciais danos para a democracia local e quando há interesse evidente para o público.
Para além das posições de Elisabete Rodrigues, Filipe Melo, Rui Rocha e Álvaro Rocha, há ainda um ponto que agrava este ambiente: nenhum dos outros partidos – à exceção do Chega em Vila Verde e IL em Braga – se tem pronunciado publicamente para condenar este tipo de ataques digitais. Essa ausência de censura explícita reforça a sensação de impunidade e de permissividade em torno de perfis falsos e bots utilizados para desgastar adversários. Mesmo que alguns partidos possam repudiar tais práticas em privado, o seu silêncio público transmite uma mensagem perigosa: que estas táticas podem ser toleradas se servirem objetivos políticos.
Nota de transparência: Este texto é uma opinião crítica baseada em relatos públicos, denúncias feitas por políticos e observação do ambiente mediático local. Não afirma como certeza legal que todos os casos são comprováveis, mas defende a urgência de investigação e de uma cobertura jornalística comprometida com os deveres democráticos.
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