Uma das maiores preocupações dos defensores do 25 de Abril era a passividade com que a maioria da população vivia as comemorações da Revolução dos Cravos.
Parecíamos viver uma democracia intocável. Muitas das pessoas diziam, e ainda dizem, que vivemos numa ditadura, quando de referem a leis e regras da sociedade. Outros dizem que o trabalho e o dinheiro são uma ditadura. Quem não vive numa ditadura a sério vai poetizando tipos alternativos de ditaduras.
Apesar de vários alertas, uns mais outros menos, acreditávamos que não poderia haver retrocesso na nossa democracia.
A Europa foi dando sinais preocupantes de que uma direita populista se estaria a instalar. Isso fez com que em muitos países houvesse uma reação mais forte a determinadas influências e ditavam reações mais inflamadas.
Por cá, tudo tranquilo. O Chega foi-se instalando e ganhando terreno. André Ventura, com a sua descomunal “lata”, dizia e diz, num dia uma coisa e no dia seguinte o inverso.
As bandeiras do Chega passaram a ser as penas pesadas a quem comete delitos, o combate à corrupção e, mais recentemente, a imigração.
No tempo da ditadura, dada a pobreza extrema em que o país vivia, não existiam imigrantes. Ninguém queria viver num país pobre. A corrupção era censurada e os portugueses eram “poupados” de todo o mal que vinha ao mundo. Nessa altura, a justiça era forte com os fracos e branda ou inexistente com os fortes. Apesar de uma certa tendência de se dizer que agora está tudo igual, o que acontece é que os políticos, sejam eles do governo ou oposição, estão sujeitos a um maior escrutínio e tudo se sabe pelas notícias.
Neste momento, assistimos a um governo com tiques de extrema-direita para recuperar o eleitorado que perdeu para o Chega. Todos querem provocar uma perceção de insegurança para depois aparecerem como os “salvadores da Pátria”.
O Chega tem mais experiência que o PSD e a quem o PSD (ou AD) irá buscar eleitorado é ao IL que neste momento também se encontra perdido.
No meio destes cenários de quem tira votos a quem, todos aqueles que defendem o 25 de Abril devem estar atentos e pró-ativos.
As recentes comemorações do 25 de Abril tiveram mais impacto do que as dos anos anteriores. Isto mostra que não são as datas com números redondos como os 50 de Abril que acordam a população para a necessidade de defender princípios como a Liberdade e a Democracia.
Valores como a Liberdade e a Democracia só serão defendidos quando a população sentir que estarão em causa.