Dirigentes abandonam o Chega em Coimbra e denunciam ambiente de “intimidação” na distrital
A vice-presidente e o único deputado municipal do Chega em Coimbra decidiram abandonar o partido, alegando que a convivência dentro da distrital se tornou insustentável devido a um ambiente hostil criado pelo seu presidente. “É murros na mesa, era gritos”, descrevem.
Fernando Duque, até agora o único representante do Chega na Assembleia Municipal de Coimbra, e Sónia Almeida, ex-vice-presidente da distrital, formalizaram a sua saída do partido, apontando o comportamento do presidente distrital, Paulo Seco, como principal motivo. Em declarações à agência Lusa, os dois referem que outros elementos da estrutura local também se afastaram e que cerca de 150 militantes já manifestaram o seu desagrado à direção nacional através de um documento.
Paulo Seco, por sua vez, rejeita todas as acusações, classificando-as como infundadas e sustentando que os ex-dirigentes procuram apenas atenção mediática. Segundo o próprio, o desconforto demonstrado terá ligação com o processo de elaboração das listas para as legislativas, e não com a sua conduta.
Para Fernando Duque, o clima na distrital degradou-se devido à postura autoritária do presidente: “Era um comportamento ditatorial, só ele decidia. Não ouvia ninguém e não respeitava os militantes”. O agora deputado independente acrescenta que a sua saída não tem relação com ambições políticas: “Nunca pedi nada nem quero”.
Sónia Almeida, que também apresentou a sua desfiliação esta semana, reforça essas críticas, apontando episódios de humilhação e gritos durante reuniões. Conta ainda que foi insultada diretamente por Paulo Seco, o que contribuiu para a sua decisão de sair.
O presidente da distrital, por outro lado, minimiza as denúncias e afirma que não existe qualquer processo contra si, nem no partido nem na justiça. Reconhece que quatro dos nove elementos eleitos para a comissão política distrital já saíram, mas considera que as razões são de ordem pessoal. “Se eu fosse tão problemático, o André Ventura não me teria escolhido como cabeça de lista por Coimbra”, afirmou.
Sobre a alegada contestação de militantes, Paulo Seco disse não ter conhecimento do documento mencionado e sublinhou que, mesmo que existam 100 críticos, isso representa uma minoria num universo de mais de 1.400 militantes no distrito.
A agência Lusa tentou obter uma reação da Direção Nacional do Chega, mas ainda não obteve resposta.