O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assumiu esta quarta-feira que Aníbal Cavaco Silva é a sua “referência” na forma de governar. Na residência oficial em São Bento, durante uma sessão que assinalou os 40 anos da primeira tomada de posse de Cavaco Silva como chefe do Governo, Montenegro falou em “imensa gratidão” e descreveu o antigo líder social-democrata como responsável pelo “ciclo mais proveitoso da democracia portuguesa”.

“Quero aqui dizer, com muito gosto, que do ponto de vista da inspiração governativa, da forma de estar e de coordenar o Governo, a minha referência é precisamente Aníbal Cavaco Silva”, afirmou. “É justo reconhecer que há um Portugal antes e um Portugal depois de Aníbal Cavaco Silva.”

Perante ministros do executivo atual e várias figuras que integraram os governos entre 1985 e 1995, Montenegro sublinhou que também sente hoje “a responsabilidade de ser um farol para o país”, tal como atribui ao antigo primeiro-ministro. Segundo o chefe do Governo, cabe ao Estado “dar orientação ao rumo que queremos seguir, sem deixar ninguém para trás” e garantindo oportunidades iguais.

Montenegro destacou as reformas da década de 1985-1995, que descreveu como “decisões corajosas” que alteraram políticas públicas e abriram caminho para um país “moderno, voltado para o futuro e finalmente capaz de se aproximar dos países mais desenvolvidos da Europa”. O primeiro-ministro traçou ainda paralelos entre desafios atuais e os da época, como a necessidade de investir em infraestruturas estratégicas e reduzir burocracia no Estado, sublinhando também o papel do Estado social.

Cavaco Silva foi apresentado como uma figura “central” da democracia portuguesa e “o político com a relação mais direta com o povo”, lembrando o peso das maiorias absolutas e da eleição presidencial. Montenegro estendeu ainda o reconhecimento a Maria Cavaco Silva, destacando o seu percurso, e ao fotojornalista Rui Ochôa, autor da exposição “Aníbal Cavaco Silva: uma década em imagens — O Primeiro-Ministro que transformou Portugal”, que estará aberta ao público aos fins de semana, em São Bento.

Na sessão estiveram presentes vários antigos ministros e dirigentes, entre eles Luís Marques Mendes, Leonor Beleza, Manuela Ferreira Leite, Eduardo Catroga, João de Deus Pinheiro, Teresa Patrício Gouveia, Faria de Oliveira e Luís Mira Amaral.