O Prémio Bial de Medicina Clínica 2024 foi atribuído ao médico e investigador Tiago Gil Oliveira, de Braga, pelo seu trabalho que permite identificar as áreas do cérebro mais afetadas pela doença de Alzheimer, conforme anunciou hoje a entidade promotora do prémio.
A pesquisa premiada com 100 mil euros revelou que diferentes regiões do cérebro são impactadas de formas distintas pelas várias proteínas tóxicas associadas ao Alzheimer, o que compromete o funcionamento cerebral normal e leva a sintomas como a perda de memória de curto prazo e a desorientação espacial, segundo a Fundação Bial, responsável pela atribuição do prémio.
De acordo com a fundação, compreender como cada tipo de proteína tóxica afeta as diferentes regiões cerebrais e ser capaz de mapear essas áreas afetadas abre portas para um diagnóstico precoce e tratamentos mais eficazes para uma das doenças degenerativas mais prevalentes, tanto em Portugal como no mundo.
Tiago Gil Oliveira, neurorradiologista no Hospital de Braga e professor na Universidade do Minho, analisou ressonâncias magnéticas de pacientes vivos e de cérebros após o falecimento, e usou ratos geneticamente modificados para mapear ao nível molecular as diferentes regiões cerebrais afetadas pelas proteínas tóxicas. Além disso, testou como a manipulação das vias moleculares alteradas influencia a aprendizagem e a memória.
A Fundação Bial também atribuiu duas menções honrosas na área da oftalmologia, no valor de 10 mil euros cada.
A equipa de Luís Abegão Pinto, Joana Tavares Ferreira e Quirina Tavares Ferreira, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, foi reconhecida por desenvolver uma “solução inovadora” para o rastreio de doenças oculares, especialmente o glaucoma e a retinopatia diabética, condições que podem levar à cegueira irreversível, utilizando uma ferramenta de inteligência artificial.
A segunda menção honrosa foi atribuída aos investigadores José Paulo Andrade e Ângela Carneiro, da Universidade do Porto, pelo seu trabalho sobre a “importância da prevenção, diagnóstico precoce e intervenção clínica”, com foco na degenerescência macular da idade. A doença afeta a mácula, a região da retina responsável pela visão central e detalhada, o que dificulta atividades como ler ou reconhecer rostos. O estudo demonstrou que manter uma alimentação saudável e praticar exercício físico pode ajudar a proteger os olhos, assim como evitar o tabagismo. O diagnóstico precoce, feito com a observação regular do fundo ocular a partir dos 55 anos, é essencial para identificar pacientes com risco e para tratar precocemente a forma neovascular da doença, preservando, assim, a visão.
Criada em 1994 pela farmacêutica Bial, em colaboração com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, a Fundação Bial tem como missão promover o estudo científico do ser humano, tanto do ponto de vista físico como espiritual.
O Prémio Bial de Medicina Clínica, atribuído a cada dois anos, destina-se a premiar uma obra intelectual original e relevante no campo da medicina, que tenha uma aplicação prática na área clínica.
O júri desta edição foi presidido por José Melo Cristino, professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e contou com membros de várias universidades portuguesas, incluindo a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade da Beira Interior, a Universidade do Porto, a Universidade de Lisboa, a Universidade do Algarve, a Universidade do Minho e a Universidade de Coimbra. O presidente do júri é escolhido pela Fundação Bial, que financia o prémio, e os outros membros são indicados pelos conselhos científicos das escolas de medicina.