Vila Verde

Júlia Fernandes ‘esbanja’ dinheiro do município para a sua “festa privada”

Vila Verde comemorou o Dia de São Valentim com a tradicional Gala Namorar Portugal, um desfile de moda que reuniu estilistas consagrados e talentos emergentes, todos inspirados nos elementos dos emblemáticos Lenços de Namorados.

No evento, foram apresentados 61 coordenados, incluindo criações dos participantes do XXI Concurso Internacional de Criadores de Moda, bem como peças exclusivas dos estilistas portuenses convidados, Anabela Baldaque e Rafael Freitas. Embora a maioria das propostas tenha sido desenvolvida por designers portugueses, o concurso contou também com a participação de criadores da Bulgária e de Espanha.

Os grandes vencedores do primeiro prémio da autarquia, no valor de mil euros, foram quatro alunos da TEXAVE – Escola Profissional do Ave: Ana Margarida Correia, Chissola Rodrigues, Margarida Oliveira e Tiago Pinto. A equipa destacou-se com a criação de um macacão branco combinado com um casaco azul, caracterizado por recortes únicos e bordados inspirados nos tradicionais motivos dos Lenços dos Namorados.

Empresa criada há um ano ganha produção do evento por 75.000€

A empresa escolhida por Júlia Fernandes (PSD), edil, para a produção da Gala Namorar Portugal, tem sede em Vila Verde e foi criada há um ano. A “Ases Hands On, Unipessoal Lda” sacou o seu “ás de trunfo” e conseguiu o contrato por 74.845,50€ (60.850,00€ + IVA).

A Câmara Municipal de Vila Verde, endereçou convite a esta empresa com o preço base de 60.950,00€ (+IVA). A Ases Hands On fez um “desconto” de 100,00€ ao teto máximo e conseguiu fechar o seu primeiro contrato com a autarquia vila-verdense em menos de um ano de existência.

Constituição de sociedade que entretanto a 08/07/2024 alterou o nome para ASES HANDS ON, UNIPESSOAL LDA

Exigiu nomes como Catarina Furtado, Diana Chaves, Ângelo Rodrigues, Pedro Fernandes e Vasco Palmeirim

No convite endereçado à Ases Hands On, que o VOX consultou, era exigido que o apresentador da Gala teria de ser de reconhecido mérito, dando preferência a Catarina Furtado, Diana Chaves, Ângelo Rodrigues, Pedro Fernandes e Vasco Palmeirim.

Júlia Fernandes fez ainda exigências na adaptação do evento na Adega Cultural de Vila Verde “que garanta a sua adequação à tipologia de evento, de forma a torná-lo num espaço glamouroso, confortável, elegante e, acima de tudo, que ilustre harmoniosamente o tema central inspirado na simbologia e nas mensagens de Amor dos Lenços de Namorados.”

Contrato de Produção da Gala Namorar Portugal 2025

10 dias de Gala custam 830.000 € aos cofres públicos

Nas últimas dez edições da Gala Namorar Portugal, a autarquia vila-verdense desembolsou mais de 830 mil euros apenas na produção desse dia.

As últimas cinco edições (2019 a 2024) foi sempre a mesma empresa a conseguir o contrato, quer por consulta prévia que por ajuste direto: Simultâneo de Ideias e Música Produção de Eventos Culturais, Lda. Devido à pandemia provocado pelo Covid-19, não foi produzida a Gala em 2021. Este ano, Júlia Fernandes preferiu entregar a produção da “noite mais glamorosa do ano” em Vila Verde a uma empresa sem experiência comprovada na área, uma vez que tem apenas um ano de existência com capital social 75 vezes inferior ao valor do contrato: mil euros.

Filipe Silva: “Gala é um desfile de moda com entrada fechada à população local”

Ainda recentemente Filipe Silva, candidato socialista à Câmara de Vila Verde, teceu críticas à Gala Namorar Portugal dizendo que esta “é um desfile de moda com entrada fechada à população local e visitantes. Chegou a custar mais de cem mil euros!”

Apesar de Filipe Silva, dizer ainda recentemente numa entrevista ao “jornal” O Vilaverdense que há, com o único vereador socialista na autarquia Esquível Gomes, uma “relação alinhada na forma de pensar do PS nas políticas autárquicas”, o que é certo é que Esquível votou ainda recentemente a favor na atribuição de apoio financeiro no total de 8.250 euros a entidades que participaram na programação “Fevereiro, mês do romance.”

José Morais já criticava a forma de produzir a Gala Namorar Portugal quando era o líder do PS de Vila Verde

José Morais expressou críticas à “Gala Namorar Portugal” em 2016, questionando a transparência e a gestão financeira do evento. Morais solicitou a divulgação pública dos custos totais associados à gala, incluindo despesas com artistas, logística e outros gastos, argumentando que os munícipes têm o direito de saber como os recursos públicos estão a ser utilizados. Além disso, levantou preocupações sobre a falta de retorno económico direto para a comunidade local, sugerindo que os benefícios do evento não são proporcionais aos investimentos realizados.

Dizia Morais que “deve o município de Vila Verde devolver a Gala Namorar Portugal aos vila-verdenses, ao público, descentralizando o local, a forma como a mesma é organizada, o custo do ingresso”, num evento marcado “pelo desfile de vaidades pessoais numa noite em que as atenções deveriam estar centradas nos jovens criadores de moda”.

Em resposta, António Vilela, na altura presidente da Câmara Municipal de Vila Verde pelo Partido Social Democrata (PSD), defendeu a gala, destacando o seu papel na promoção da cultura local e no fortalecimento da identidade regional. Vilela afirmou que o evento atrai visitantes e potenciais investidores, contribuindo para a dinamização económica do concelho. Por outro lado, Luís Filipe Silva, também do PS, elogiou a iniciativa, reconhecendo o seu valor cultural e turístico, mas enfatizou a necessidade de uma gestão financeira mais transparente e equilibrada.

Curiosidade: 2017, o “arrufo de namorados” levou-os até Braga

Foi há oito anos que António Vilela e João Luís Nogueira (que andavam de costas voltadas) passaram a noite mais carismática de Vila Verde, juntos, nos calabouços da PJ de Braga. Foram detidos e acabaram mais tarde condenados a pena de prisão pelos crimes que lhes eram imputados.

No dia dos Namorados de fevereiro de 2017, em plena Gala Namorar Portugal, Vila Verde foi apanhada de surpresa: António Vilela, na altura presidente da Câmara de Vila Verde (PSD), e João Luís Nogueira, proprietário da Escola Profissional Amar Terra Verde (EPATV) foram detidos pela Polícia Judiciária por suspeita de crimes relacionados com concurso público, datado de 2013, de privatização da EPATV. Rui Silva não foi detido por gozar de imunidade parlamentar, pois era deputado do PSD à Assembleia da República.

António Vilela, foi a ausência mais notada na Gala e foi substituído por Júlia Fernandes, na altura vereadora. Dizia na altura, Júlia Fernandes, que Vilela terá sentido uma “indisposição” e por isso não estava presente no evento. Na manhã seguinte, “descobriu-se a carapuça”.

Paulo Moreira Mesquita

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