O natal chegou tarde mas chegou, para a imprensa regional do concelho. A Câmara Municipal de Vila Verde adjudicou, a um dia do final do ano, um contrato de publicidade no valor de 22.755,00€ (18.500,00€+IVA) à empresa detentora do jornal mensal “O Vilaverdense.”
Júlia Fernandes (PSD), edil, contratou os serviços de “publicidade institucional” à Publineiva, empresa que detém o órgão de comunicação social regional “O Vilaverdense.” Quem assina o contrato é Carlos Silva que também é simultaneamente diretor do próprio jornal.
Em ano de eleições autárquicas, até à marcação das eleições é permitida qualquer informação institucional, a partir dessa data, nova informação apenas pode ser aquela que seja urgente, necessária e objetiva.
As eleições autárquicas de 2025 serão realizadas em data a marcar pelo Governo, entre 22 de setembro e 14 de outubro.

Carlos Silva constituiu a empresa Publineiva em 2011, com capital social de cinco mil euros, sendo ele sócio único da sociedade. Três anos e meio depois, passa a sociedade para a sua irmã, Alexandra Silva, mantendo-se na gerência da mesma.

Carlos Silva além de diretor, é jornalista que se identifica com a carteira profissional CP 2037 A, no entanto, no sítio de internet oficial da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, o seu registo é inexistente.

Segundo a mesma entidade, são consideradas incompatíveis com o exercício da profissão de jornalista a função de “apresentação, através de texto, voz ou imagem, de mensagens publicitárias, participação em iniciativas que visem divulgar produtos, serviços, ou entidades através da notoriedade pessoal ou institucional do jornalista, quando aquelas não sejam determinadas por critérios exclusivamente editoriais, funções de angariação ou conceção de mensagens publicitárias e ainda funções de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de planificação, orientação e execução de estratégias comerciais.
Ora a mesma comissão é perentória: sempre que se verifique que o jornalista tenha exercido funções de angariação ou conceção de mensagens publicitárias, este fica fica impedido, por um período de seis meses, de exercer a sua atividade em áreas editoriais relacionadas com a função que desempenhou, como tais reconhecidas pelo conselho de redação do órgão de comunicação social para que trabalhe ou colabore.
Já tinha sido enviado mais uns euros do Bairro de Comércio Digital para a Publineiva
Em outubro do ano passado, a presidente da Câmara tinha adjudicado à mesma empresa contrato de “aquisição de serviços para a harmonização visual e criação da marca do bairro comercial digital”, pelo valor de 6.125,40€ (4.980,00€+IVA).
Mas o que é isto do “bairro de comércio digital” que já foi lançado no passado dia 9 por Júlia Fernandes? Difícil de responder. Segundo informações no sítio de internet da Câmara Municipal, “é projeto inovador que disponibiliza aos comerciantes uma plataforma online de promoção e comercialização de produtos.”
A autarquia diz ter já a “a adesão de 120 estabelecimentos, situados em 31 ruas da sede do concelho.” Júlia Fernandes não tem dúvidas: “Este é um projeto desafiante e uma mais-valia, não apenas para o comércio e para a economia local, mas também para a coesão social e territorial.”
O projeto que foi financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e com apresentação conjunta com a José Manuel Lopes, presidente da Associação Empresarial do Vale do Homem, “reúne lojas, serviços e outros negócios locais. Permite criar um ‘marketplace’ e uma app móvel para a promoção dos serviços, implementar uma estratégia de marketing, apoiar a digitalização das empresas, capacitar os comerciantes e prestadores de serviços e proporcionar a acessibilidade e inclusão de todos os visitantes.”
Opera sob o domínio digital comerciomaisdigital.vilaverde.pt. Fomos pesquisar…
Não encontramos rigorosamente nada. Nenhum estabelecimento listado e graficamente a fazer lembrar os powerpoints do início do século.
Veja todo o conteúdo do Bairro do Comércio Digital aqui: