O Bloco de Esquerda enfrentou um dos piores resultados eleitorais da sua história, passando de cinco deputados para apenas um, e ficando fora da composição de grupo parlamentar. Mariana Mortágua, líder do partido, classificou o resultado como “uma grande derrota”, expressão que muitos consideram até moderada face à dimensão do desaire.

Com apenas 2% dos votos, o BE foi o partido menos votado da esquerda. Terá agora uma representação inferior à do CDS, um terço dos deputados da CDU e apenas um sexto dos do Livre. Com esta votação, Mariana Mortágua torna-se deputada única do Bloco, com a mesma presença parlamentar que o PAN — um cenário impensável para um partido que, há apenas cinco anos, contava com 19 deputados.

A campanha discreta, centrada em ações de proximidade e com pouca exposição pública, já fazia antever dificuldades. A falta de mobilização foi notória e, para muitos analistas, o partido falhou na forma como lidou com temas sensíveis, como o caso do despedimento de mulheres lactantes, que minou a confiança de parte do seu eleitorado tradicional, sobretudo no que toca à defesa dos direitos das mulheres.

A tentativa de regressar às origens, trazendo de volta fundadores retirados da vida política ativa, não conseguiu reverter a tendência. Pelo contrário, deixou de fora o eleitorado jovem, os ativistas urbanos e até os simpatizantes da chamada “esquerda caviar”, que terão procurado outras alternativas — como o Livre, que beneficiou desta reconfiguração do espaço político à esquerda.