Fernando Silva, mais conhecido no seio vila-verdense como Feitor, foi eleito vereador na Câmara Municipal de Vila Verde nas eleições autárquicas de setembro de 2021, representando o partido Chega. A sua candidatura destacou-se por ser a única do partido a norte do rio Mondego a conseguir eleger um vereador, além de quatro membros para a Assembleia Municipal e três para as Assembleias de Freguesia, totalizando oito autarcas eleitos no concelho.

No entanto, em novembro de 2023, Fernando Silva anunciou a sua desvinculação do Chega, passando a exercer funções como vereador independente. Numa carta aberta aos vila-verdenses, expressou “tristeza e profundo desencanto” com o partido, acusando a Comissão de Ética e o Conselho de Jurisdição Nacional de atuarem como “verdadeiros agentes de perseguição” que “suspendem, exoneram e expulsam aqueles que se atrevem a discordar das estruturas do partido”. Além disso, criticou a falta de apoio e reconhecimento por parte das direções nacional e distrital do Chega, afirmando que “nada do que nos foi prometido foi cumprido”.

Feitor faz oposição não ao PSD, mas ao Chega

Após a sua saída, Fernando Silva foi expulso do partido por um período de seis anos, decisão anunciada pela Comissão de Jurisdição do Chega. Em resposta, teceu duras críticas ao líder do partido, André Ventura, qualificando-o como “um mentiroso, um vendido” e acusando-o de promover um “culto ao líder” dentro do partido. Além disso, alegou que a sua expulsão foi uma retaliação orquestrada pelo deputado Filipe Melo, líder da distrital de Braga do Chega, com quem teria divergências internas.

Fernando Silva comprometeu-se a manter o seu mandato até ao fim como vereador independente, reafirmando o seu compromisso com os munícipes de Vila Verde e a defesa dos seus princípios e valores.

O silêncio deve valer ouro em Vila Verde: não são conhecidas quaisquer posições públicas sobre a gestão da Autarquia pelo PSD.

Eleições Autárquicas de 2021

Feitor vai à Autárquicas como independente, segundo o próprio

“Feitor”, vai apresentar-se como candidato independente à Câmara Municipal de Vila Verde.

Conta com o apoio do CDS/PP e lidera a candidatura independente “Amor a Vila Verde” depois de se ter especulado que iria avançar com uma candidatura pelo ADN.

A apresentação do “Movimento Independente Amor a Vila Verde”, liderado por Fernando Feitor, ocorrerá até março, com a presença do presidente do CDS, Nuno Melo, do presidente da distrital, Ricardo Mendes, e do mandatário e diretor de campanha, Rui Feio de Azevedo, escreve a imprensa local.

Rui Feio de Azevedo segue Fernando Feitor desde a sua curta passagem como diretor do projeto Semanário V, órgão de comunicação social cujo proprietário é a empresa Silva & Runa, LDA, da esposa de Fernando Silva (Maria Gabriela Sosa Cardena).

A esposa de Fernando Silva, sendo proprietária de um órgão de comunicação social, pode trazer um conflito de interesses na divulgação de informações da campanha e na análise das outras candidaturas. A Silva & Runa, LDA está envolvida em problemas na justiça por, segundo informações recolhidas pelo VOX, ter alegadamente falhado em algumas das cláusulas salvaguardadas no processo de aquisição do jornal.

Rui Feio de Azevedo veio ‘tentar salvar’ o projeto Semanário V mas acabou por deitar por terra as suas pretensões de ser o proprietário do jornal.

Eleições Autárquicas de 2021

A dualidade de critérios da ética de Feitor

Em entrevista ao “jornal” regional O Vilaverdense, Feitor está convencido que está “capacitado” para governar o concelho. Diz ainda que está “em condições para melhorar o resultado de 2021 devido ao meu conhecimento, ao esforço, e experiência adquirida desde 2013.”

O “jornal” questionou pelas equipas candidatas às juntas de freguesia, mas Feitor foi parco nas palavras, não adiantado nenhum nome.

Feitor diz que nos últimos quatro anos não deveria “ter apostados em certas pessoas na lista de 2021” mas que “felizmente, soube afastá-los.” Apesar de tecer duras críticas a quem esteve ao seu lado nas eleições Autárquicas de 2021, e que o ajudaram a ser eleito vereador, Fernando Silva não considera “ético nem oportuno fazer ruído” a comentar a gestão autárquica dos sociais-democratas liderada por Júlia Fernandes. Diz Feitor que prefere “apresentar projetos e soluções para os problemas serem resolvidos”, que, de resto, são os mesmos do Partido Socialista: melhores vias de comunicação, variante do Cávado e saneamento.

Da “entrevista” fica a dúvida: Feitor vai mesmo às Autárquicas como independente com o apoio do CDS, ou não tem passado a mensagem real às pessoas, e vai na própria lista do CDS?

Eleições Autárquicas de 2021

O breve percurso político de Feitor

Começou na política local de Vila Verde em 2017, apoiando a candidatura de José Morais pelo Partido Socialista (PS) nas eleições autárquicas desse ano. José Morais, de Vila Verde, foi candidato à Câmara Municipal, contando com o apoio de vários membros do partido, incluindo Fernando Silva. Este envolvimento demonstra a participação ativa de Fernando Silva na política local, alinhando-se com o PS durante esse período.

Feitor com António Costa e José Morais, em campanha pelo PS para as eleições Autárquicas de 2017

Eleito vereador nas últimas eleições autárquicas pelo Partido Chega, mas nas suas funções de vereador esteve sempre alinhado com as posições do PSD, tendo apenas feito oposição ao próprio Chega, partido que o elegeu. Foi expulso pelo partido em 2023. Mantinha, há muito tempo, um braço-de-ferro com os órgãos distritais e nacionais do Chega. Chegou a estar suspenso, pela Comissão de Ética do partido, por um período de 30 dias, em maio de 2022, depois de desavenças com a distrital de Braga e com, na altura, o líder do Chega em Vila Verde, José Luís Moreira.

André Ventura, líder do Chega, e Feitor

Em novembro de 2023, Fernando Silva anunciou publicamente a sua saída do Chega, expressando “tristeza e profundo desencanto” com o partido. Numa carta aberta aos vila-verdenses, afirmou que a decisão não surpreenderia aqueles que acompanharam o seu percurso autárquico, criticando a falta de apoio e reconhecimento por parte das estruturas nacional e distrital do partido. Acusou ainda o Chega de não cumprir promessas feitas e de perseguir membros que discordam das diretrizes internas.

Fernando Silva destacou que, dos 19 vereadores eleitos pelo Chega nas últimas eleições autárquicas, nove já abandonaram o partido, incluindo ele próprio. Criticou a falta de liberdade de participação e pluralidade dentro do partido, referindo que este se transformou num “culto ao líder”. Pediu desculpa aos que, através dele, acreditaram no projeto do Chega e de André Ventura, agradecendo o apoio recebido até ao fim deste ciclo.

Apesar da sua saída do partido, Fernando Silva garantiu que continuará a exercer as suas funções de vereador até ao fim do mandato, agora como independente. Comprometeu-se a dar o seu melhor em prol do concelho de Vila Verde, afirmando: “Nunca deixei nada a meio, continuem a contar comigo, pois não vos abandono, não vos viro as costas como a mim me viraram.”

Esta decisão reflete uma tendência de descontentamento entre vários autarcas eleitos pelo Chega, que têm optado por se desvincular do partido devido a divergências internas e falta de apoio das estruturas partidárias.

Já no final de 2024, fonte da concelhia do Partido Social-Democrata (PSD) revelou ao VOX que Feitor tentou uma aproximação a Júlia Fernandes, atual presidente de Câmara. A mesma fonte diz mesmo que “o Feitor andou a suplicar à drª Júlia para que o incluísse na lista do PSD, sugerindo mesmo que fosse o número quatro ou cinco” às Autárquicas deste ano.

Feitor e Júlia Fernandes (PSD)

Agora, vai apresentar-se como candidato independente à Câmara Municipal de Vila Verde, com o apoio do CDS/PP. Lidera a candidatura independente “Amor a Vila Verde” depois de se ter especulado que iria avançar com uma candidatura pela Alternativa Democrática Nacional (ADN), um partido político português conservador, considerado de extrema-direita.