José Sócrates ficou sem defesa em tribunal. Pedro Delille, advogado que representava o antigo primeiro-ministro no processo da Operação Marquês, renunciou esta terça-feira ao mandato, obrigando o coletivo de juízes a nomear um defensor oficioso para assegurar a continuidade do julgamento.

A informação foi confirmada pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa, que recebeu durante a manhã a comunicação formal de renúncia. A decisão tem efeitos imediatos.

No documento entregue ao tribunal, revelado pela SIC, Pedro Delille justifica a saída com “razões ideológicas” e afirma recusar continuar num processo que classifica como um “julgamento a brincar”.

“Fiquei definitiva e absolutamente convencido, após o episódio da passada quinta-feira, que soma a tudo o resto oportunamente denunciado, de que continuar neste julgamento violenta em termos insuportáveis a minha consciência como advogado e a ética que me imponho”, escreve.

Sócrates responde por mais de 20 crimes, entre corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. O julgamento, iniciado em janeiro, prolonga-se há vários meses e tem sido marcado por sucessivos incidentes processuais e disputas entre defesa e acusação.

O advogado oficioso já se encontra na sala de audiências, permitindo que a sessão prevista para hoje – dedicada à audição de testemunhas – avance conforme previsto.

A renúncia ameaça, porém, complicar o calendário do julgamento, que pode exigir adaptações para garantir que o novo defensor dispõe de tempo para conhecer o processo, considerado um dos mais extensos da justiça portuguesa recente.